Por falta de recursos, metade da Delegação Brasileira não vai para Olimpíadas Especiais
Tristeza e frustração foram alguns dos sentimentos que marcaram a semana dos atletas com deficiência da Delegação Brasileira classificada para o Special Olympics World Games, que disputado em Abu Dhabi (Emirados Árabes), de 14 a 21 de março. Isso porque, embora o grupo inicialmente seria composto por 100 membros, entre atletas e comissão técnica, apenas a metade será enviada para os Jogos.
O motivo é a falta de recursos para bancar a ida dos atletas, que custaria 1 milhão de reais. Quase metade desse valor (R$ 480 mil), seria proveniente de patrocínio por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, com a empresa Furnas tendo apresentado interesse, mas o recurso foi barrado pelo governo Federal.
“Foram concedidas para nós 100 vagas, dentre atletas, técnicos e delegados. Desde então estamos em busca de apoios e patrocínios. Fizemos um projeto que foi aprovado pela Lei de Incentivo ao Esporte, no entanto, quando conseguimos uma empresa interessada não conseguimos concluir a operação, devido ao rebaixamento do Esporte ao status de secretaria pelo novo governo federal. Todos os projetos aprovados pela Lei de Incentivo foram travados pela nova administração até segunda ordem. De um dia para o outro voltamos para a estaca zero, a três meses apenas da competição”, explicou o diretor-presidente das Olimpíadas Especiais Brasil, George Henry Castilho Millard.
Diante da situação, a Organização buscou encontrar parceiros e até criou uma campanha de crowdfunding (vaquinha virtual) para arrecadar fundos, mas que até o fechamento dessa matéria tinha atingido pouco mais de R$ 15 mil, bem distante do R$ 1 milhão necessário.
A solução encontrada então foi um empréstimo da Special Olympics International, mas suficiente para levar apenas 51 membros, ou seja, metade da Delegação Brasileira. “A não participação nos Jogos Mundiais acarretaria a desacreditação do programa no Brasil. Essa seria uma derrota muito grande, não só para todos os atletas, famílias e técnicos, mas para a sociedade como um todo. Para evitar este desfecho a Special Olympics International nos ofereceu a opção de reduzir a delegação para 51 integrantes e um empréstimo para cobrir essas passagens, empréstimo este que deverá ser pago até Dezembro de 2019”, detalhou Millard.
No último domingo (24), a Special Olympics Brasil realizou um sorteio com a presença dos técnicos e fechou o grupo com 25 atletas com deficiência intelectual, 11 atletas parceiros, 11 técnicos e 4 membros do staff (delegados e equipe médica).
Em nome da Organização, Millard finaliza pedindo por mais atenção aos atletas. “O movimento clama ao poder público por investimentos na promoção do esporte e valorização dos atletas com deficiência intelectual do país. Continuaremos perseverantes no cumprimento de nossa missão”.
Dois itupevenses estão entre os atletas cortados
Quatro itupevenses conquistaram vaga para os Jogos, mas apenas Mateus Gabriel Silva e seu parceiro sem deficiência, Gustavo Borros Paz, foram selecionados no sorteio do último domingo.
Já William Camilo e Adilson Nascimento da Silva tiveram adiado o sonho de representar o Brasil neste que é o maior evento esportivo humanitário de 2019, com a participação de 7.000 atletas de mais de 170 nações, competindo em 24 esportes de estilo olímpico sancionados oficialmente.
“Havia uma empolgação muito grande nesses atletas, em representar o Brasil, e toda a satisfação de ter conquistado a vaga nas disputas classificatórias. É muito triste, infelizmente”, comentou Jane Bergantin, criadora e coordenadora do PEPT – Projeto Esporte Para Todos de Itupeva.
Confira o pronunciamento de George Millard
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