Pole Dance: Da Dança ao Esporte
Quem sintonizou a Rede Record na noite do dia 21 de março de 2015 teve a oportunidade de ver um pouco do que a atleta itupevense Thaís Brecht é capaz de fazer durante apresentação com sua parceira na época, Natália Brossi, no quadro “Espelho Vivo”, no programa Legendários, exibido desde 2010 nas noites de sábado. Em pouco tempo, a dupla mostrou a razão de terem ficado com o vice-campeonato brasileiro da categoria e impressionou o apresentador Marcos Mion, jurados e telespectadores em todo o país.
Para a apresentação, as duas tiveram de intensificar o treinamento e agilizar a coreografia para compensar o convite feito de última hora e corresponder à responsabilidade de divulgar um esporte que dá seus primeiros passos no país e ainda sofre preconceito. Isso, no entanto, não foi problema, já que a prática, o amor ao esporte e a dedicação acompanham as atletas e, hoje professoras de Educação Física, desde os primeiros anos.
“Sempre fui amante de atividade física, aos 3 anos comecei natação, fiz vários anos e participei de competições. Depois disso, fiz alguns anos de Jazz e 4 anos de hipismo; participei de campeonatos internos, mas, infelizmente, por questão financeira, tive de desistir desse sonho. Aos 15, comecei com a musculação, fazia treinos leves e corria na esteira, mas em dois anos comecei a ter complicações na perna, a famosa ‘canelite’. Fiz muito tempo de fisioterapia e fui orientada a procurar uma atividade de menor impacto. Foi aí que vi um anúncio, na própria academia: Aulas de Pole Dance. Nunca tinha ouvido falar, ainda mais aqui no interior. Marquei uma aula para conhecer e pronto, foi amor à primeira vista! Em um mês eu já tinha instalado uma barra em minha casa. Fazia aulas particulares uma vez na semana e o restante dos dias treinava em casa, o máximo que podia, às vezes de madrugada. Perdi 8 quilos em três meses. Eu realmente ansiava por evolução. Em um ano terminei os três módulos, que na época eram considerados níveis ‘básico, intermediário e avançado’”, explica a atleta itupevense que, por conta do amor ao esporte, largou a faculdade de Publicidade e Propaganda, em São Paulo, para cursar Educação Física na ESEF (Escola Superior de Educação Física) em Jundiaí e, atualmente formada, atua como professora em Jundiaí, além de dar aulas de Pole Dance em Itupeva e Cabreúva.
Como modalidade esportiva, a atividade é relativamente nova (a Federação Brasileira de Pole Dance – FBPOLE, órgão que legitima a prática da atividade no Brasil, surgiu apenas em 2009), mas segue evoluindo no país, enfrentando o preconceito, quebrando paradigmas e ganhando mais respeito a cada dia.
De acordo com a Pole Fitness Association, a Pole pode ser dividida em três categorias: Pole Dance, que é a arte de dançar com, em torno ou em uma barra vertical como entretenimento; Pole Fitness, que é a forma de exercício do Pole Dance; e Pole Sport, o modo competitivo do Pole Fitness.
“Hoje muita gente já sabe do que se trata”, aponta Thaís. “O pole é um mix de dança, arte, acrobacia, ginástica, sensualidade (sim) e muito esforço físico. E nem todo mundo entende isso. Eu sou feliz em fazer parte dessa luta e de ter acompanhado, desde o início, como esse preconceito já é menor hoje em dia”, diz. “A modalidade sofre preconceito por ser considerada ‘sensual’, mas poucas pessoas sabem que o Pole é originário de uma prática indiana chamada Mallakhamb e também do Mastro Chinês”, completa Natália, a ex-parceira de competições.
Apesar da dupla com Natália ter terminado, Thaís segue praticando a Pole Dance e, mesmo se dedicando mais ao CrossFit atualmente, continua dando aulas. “Hoje me dedico mais ao aperfeiçoamento como professora e praticante, do que especificamente atleta, mas ainda faço aulas de Pole, não pode parar nunca, sempre tem movimento novo surgindo”.
Incentivadora do esporte, seja como professora ou como atleta, ela também aponta os principais benefícios da atividade e explica que qualquer pessoa pode praticar: “Não é necessário ter uma bagagem de outro esporte, ou, como muitos perguntam, um paralelo com musculação ou outra atividade. O Pole é muito completo, a evolução é muito rápida. E os muitos benefícios físicos, tonificação muscular, emagrecimento, diminui celulites. Você ganha condicionamento, uma força no braço, que eu não consigo pensar em nenhum outro esporte (além da própria ginástica) que te dê tanta força. Além disso, melhora a disposição, autoestima, sensação de confiança e liberdade. É divertido, os movimentos são variados, não existe ‘tédio’, e você está sempre carregando o peso do corpo, não são 10, 20kg como costuma ser na musculação por exemplo, é intenso! Enfim, tudo o que você precisa, a força, a flexibilidade, a coordenação, você adquire na própria prática”.
Apesar de toda a evolução, assim como muitas modalidades esportivas no Brasil, o Pole Fitness ainda encontra dificuldades para organizar campeonatos com maior estrutura. “Ainda estamos caminhando na luta pela legitimação do Pole como esporte, da visibilidade (sem preconceito) e de mais apoio, patrocínios, campanhas, enfim. Os campeonatos, mesmo que a nível internacional, ainda carecem de apoio, as atletas ainda sofrem com falta de patrocínio e ajuda para participar, pagar viagens, figurino, treino, acompanhamento, inscrição, etc. Acredito que uma grande maioria das atletas trabalha (muitas vezes com outra coisa) e o tempo que sobra, treina, prepara coreografias, ou seja, não levam exatamente uma ‘vida de atleta’, onde podem se dedicar a treinos longos, alimentação, apoio técnico, e receber por isso”, finaliza Thais que, embora tenha deixado para segundo plano as competições, juntamente com Natália já marcou seu nome na modalidade e entrou para a história esportiva no país, pelo seu pioneirismo, ousadia e força de vontade com que se dedicam ao esporte.
Atualmente, a Thaís dá aulas em duas academias, a Academia Podium (no bairro do Jacaré, em Cabreúva) e no
Estúdio Luar Dança, em Itupeva.