Qualquer cidadão da região de Jundiaí que aprecie futebol e, por consequência, tenha um carinho pelo Paulista Futebol Clube, time da cidade e que agrega torcedores das cidades vizinhas, conhece e tem uma admiração especial por Vagner Mancini. Afinal, não só teve uma passagem marcante como jogador, período em que foi capitão, como também iniciou a carreira e levou o time no que até hoje é a melhor fase do Galo do Japi, conquistando a Copa do Brasil em 2005 e classificando a equipe para a disputar sua primeira competição internacional, a Copa Libertadores da América.

Conheci o Mancini há alguns anos, em um evento para tentar reerguer o Paulista. O técnico fez questão de comparecer e dar seu apoio, importantíssimo. Nas pautas que cubro, não costumo tirar fotos com presentes, esse não é o papel do jornalista, mas abri uma exceção com Mancini, dada a admiração pelo seu trabalho.

Por isso mesmo, é bem decepcionante o que aconteceu no último domingo (18), na partida entre Vitória, cujo time ele é treinador, e o Bahia, pelo Campeonato Baiano. Depois de uma confusão causada pelo jogador Vinícius do Bahia, que comemorou de forma estúpida o gol de empate, afrontando a torcida do rival, nove jogadores foram expulsos. O jogo recomeçou, mas mais dois jogadores do Vitória provocaram suas expulsões, levando o juiz a encerrar a partida aos 34 minutos do segundo tempo por falta do número mínimo de atletas na equipe. 

(Felipe Oliveira / EC Bahia)

A polêmica se instaurou porque a comissão do Vitória negou ter orientado que os jogadores forçassem as expulsões e interrompessem o jogo, inclusive Vagner Mancini. Só que não apenas a lógica como também uma leitura labial feita por um especialista, mais do que contrariam essa versão. A princípio, tudo indica que a ideia era interromper a partida, que estava empatada, e evitar uma derrota, que parecia iminente. Mas o tiro saiu pela culatra. Primeiro porque a versão de que os “jogadores rebeldes decidiram por conta” não colou. Segundo, porque foi confirmada a derrota do Vitória por 3 a 0. E talvez haja mais punições para o clube, além dos jogadores que se envolveram na briga, de ambas as equipes.






Seja como for, num país onde acompanhamos a cada dia manchetes de corrupção, desvios, atos desonestos e o velho “jeitinho brasileiro” o tempo todo, é uma pena que o campo esportivo, onde a honestidade jamais deveria ser superada pela desonestidade, tenha casos como esse. Ainda mais quando envolve alguém tão importante na história do time que nos representa enquanto região. 

Mancini segue sendo um bom técnico e, até que se prove o contrário, pessoa íntegra. No entanto, não dá para negar que merece pelo menos um cartão amarelo nessa.