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Fernandinho Rox: Um itupevense no Caribe

Fernandinho Rox: Um itupevense no Caribe

O futebol é um dos esportes mais amados do mundo, desde o campo, com 11 contra 11, até a quadra, em que apenas 10 jogadores, cinco de cada lado, se enfrentam em busca do gol e da vitória.

E se nos gramados a superioridade brasileira há muito deixou de ser incontestável, no futsal o país continua sendo considerado um dos melhores do mundo e tem no ex-jogador Falcão, com mais de 400 gols pela Seleção, o principal ídolo, considerado por muitos o melhor da história da modalidade.




Mas se para o craque, que encerrou a carreira em 2018, atuando por Sorocaba, a História dentro de quadra se encerrou, para tantos outros está apenas começando. Como é o caso do itupevense Luis Fernando da Silva, mais conhecido como Fernandinho Rox e que, neste ano, realizou o grande sonho de se profissionalizar no futebol e assinou com o Aston Villa do Caribe, onde está disputando a Premier League do país – suspensa no momento por conta da pandemia do Covid-19.





Atleta do Caribe

Eu passei toda minha infância jogando futebol na rua com meus amigos, todos os dias, o dia inteiro, até embaixo de chuva. Esperava meus pais dormirem e fugia pela janela para jogar bola com os adultos à meia-noite, porque sentia que estava acima do nível das crianças da minha idade e queria muito evoluir“, conta ele, divertindo-se ao lembrar das broncas da mãe quando era pego, o que não o impedia de fugir novamente para jogar.

Atualmente com 21 anos, Fernandinho começou sua história no esporte ainda em Várzea Paulista, no “Campo da Pagiosse”. “Treinei lá com o professor Gerson que, infelizmente, faleceu recentemente. Eu sou muito grato por tudo que ele fez na minha vida e só queria que ele soubesse que eu estou conseguindo!“.






A mudança para Itupeva veio ainda na infância, para o bairro da Mina, “Enfim me mudei para cidade que eu amo, onde tenho meus amigos e minha família“. Logo na primeira semana, a prioridade foi achar um lugar para jogar futebol. “Por sorte, no meu bairro tinha um futebol que todos os dias o pessoal jogava. Fui muito feliz naquela quadra (do bairro, hoje parte da escola)“.

Cerca de um ano depois, Fernandinho já estava treinando com o professor Tilão, da secretaria de Esportes e Lazer, mas admite que não tinha disciplina para acordar cedo aos finais de semana para participar dos jogos intermunicipais. Foi então que, seguindo um conselho, decidiu conhecer o time da Associação Beiju (Bem Estar da Infância e da Juventude). Foi o único dentre os amigos a ser aprovado no teste, mas por conta dos horários, permaneceu na equipe por apenas duas semanas. “Os treinos eram de noite e minha mãe ficava preocupada porque eu era uma criança, então ela me proibiu. Nossa família era humilde, não tinha nem dinheiro para a passagem de ônibus, mas sempre demos nosso jeito, e com isso veio a frustração de não conseguir fazer oque eu amava“.

foto: Greice Moreira



“Me falavam para desistir”

Já na adolescência, entre os 15 e 16 anos, Fernandinho se mudou com a família para o Jd. Pacaembu II e mesmo jogando com os amigos todos os dias, tinha deixado de lado o objetivo de se profissionalizar. Foi quando conheceu o professor Renan. “Quando eu treinei com o professor Renan, ele me ensinou o verdadeiro futsal, as movimentações e tudo mais. Eu não sabia jogar futsal corretamente, jogava driblando, indo para cima dos adversários“, avalia.






Nos anos seguintes, o MDV, time formado pelos amigos, disputou o campeonato do município, sempre com boas campanhas e tendo Fernandinho como um dos destaques. O sonho de se profissionalizar ainda existia e o jovem atleta voltou a se animar. “Para ser franco, eu nunca desisti, só estava preguiçoso esperando cair do céu, e a única coisa que cai do céu é a chuva!“.

“Um dia eu vou ser jogador de futebol, vocês vão ver”

Depois de passar dois meses treinando em um clube formador de atletas em Salto, o sonho foi parecendo cada vez mais distante. Seguindo a recomendação dos pais e irmãos, que viam as possibilidades cada vez mais difícil, Fernandinho foi trabalhar em outra área.

Eu costumava ficar sentado na calçada olhando para o céu e toda noite pedia para Deus me ajudar! Eu via os aviões e falava… ‘um dia vou estar dentro de um indo para um jogo’!“, relembra ele, que continuou se dedicando, até que, por meio de um contato do pai com um amigo chamado Erivan, soube da oportunidade em um time: “Ele disse que tinha uma situação no Caribe para mim e eu pensei que era um clube chamado Caribe! Pesquisei e realmente existe um clube chamado Caribe… falei ‘tudo bem eu aceito’“.

“Eu via os aviões e falava… ‘um dia vou estar dentro de um indo para um jogo’!”





Após aceitar a proposta, Fernandinho falou com Pastor Domingos, que o encaminhou para um teste no Campo da Cica com o ex-jogador Fábio Gomes, campeão pelo São Paulo e pelo Paulista de Jundiaí e proprietário do Centro de Formação de Atletas Wolves Rush Soccer Brasil, na Várzea Paulista. “Então tudo começou a dar certo na minha vida”.

Quando eles falaram Caribe, eu quase desmaiei, fiquei muito surpreso e muito empolgado. Assinei contrato com o Aston Villa do Caribe e estou muito feliz, esperando o vírus (Covid-19) passar para continuar meu trabalho. Estou aqui graças ao Fábio Gomes e ao Thiago, que jogou no Barcelona e também está na minha assessoria. Sou muito grato por tudo que fizeram por mim. Garanto que todos os jogadores e jovens que forem jogar com eles, podem confiar, eles são feras“, agradece.

E para tantos garotos que ainda sonham com o futebol como meio de vida, Fernandinho tem o seu recado.

“O segredo é não desistir, por mais que esteja difícil, tudo que vem fácil, vai fácil, então foque na vitória, que um dia ela chega! Consegui ser jogador agora com 21 anos. O segredo é não desistir!”.